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Embora qualificados, surdos não têm acesso a vagas de emprego em Feira
9 de abril de 2025

Apesar de possuírem qualificação profissional exigida pelo mercado, as pessoas que convivem com a surdez, nesta cidade, não estão conseguindo acesso a vagas de emprego nas empresas locais. Esta realidade foi apresentada na Tribuna Livre da Câmara, nesta quarta (9), pela presidente da Associação de Surdos de Feira de Santana, Elaine Figueiredo.

A situação, segundo ela, tem gerado “angústia e descontentamento” quanto à expectativa desta comunidade. Formada em Letras Libras pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e pós-graduada em Inclusão e Libras, ela reclamou que o setor empresarial não tem admitido em suas organizações “surdos que sinalizam” e precisam de intérprete de libras: “Dão prioridade aos que utilizam a língua portuguesa oral, como forma de comunicação e expressão. Isso é muito difícil para nós. Até quando vão manter esta exclusão?”.

Este quadro tem feito com que pessoas surdas tenham de manter as suas despesas com benefícios como o Bolsa família. “Muitos são chefes de família, que estão desempregados, mas precisam pagar água, luz e outros”, disse, apontando a urgência no cumprimento do direito de cotas, previsto em lei. A inobservância do dispositivo legal tem contribuído para deixar o segmento para trás em relação à acessibilidade ao emprego.

Em Feira, por exemplo, ela diz, existem 20 surdos com graduação superior, no entanto não conseguem acesso nas empresas. No setor público, acrescentou a presidente da associação, ocorre situação semelhante. Em concursos e seleções como o Reda (contratação pelo Regime Especial de Direito Administrativo, para funções temporárias), os ouvintes normalmente ocupam as vagas, enquanto os surdos sinalizantes são deixados de lado, afirmou.

“É que os ouvintes sabem libras. Por isso, acessam estes concursos e as vagas. E os surdos vão ficando para trás”, observou. Para Elaine, isto demonstra a necessidade de mudanças na ótica educacional, tanto em âmbito municipal quanto estadual. “O nosso sonho é que tenhamos escolas preparadas para receber os nossos filhos surdos. Incluindo aí a formação de professores em libras para trabalharem com crianças surdas”. Ela criticou, ainda, que no Centro Inclusivo Colbert Martins, espaço que poderia acolher indivíduos do segmento, várias crianças são ouvintes, e poucas, surdas.

Por fim, a presidente da Associação de Surdos frisou que os setores público e privado, quando dão oportunidade, destinam apenas a surdos que oralizam/pessoas ouvintes. “Somos surdos. Temos uma cultura visual. A nossa expressão de comunicação é visual. Temos uma língua. Somos pessoas com diferenças linguísticas e não, deficientes”, observou, cobrando espaço que dê acessibilidade voltada à especificidade dos surdos, escola bilíngue, entre outros recursos. O pronunciamento de Elaine, feito na linguagem de sinais, teve tradução feita pela intérprete de libras, Sátila Souza Ribeiro.

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